sábado, 31 de março de 2012

O cartaz de cinema

O uso do cartaz perdeu muito de seu charme e importância desde que foi popularizado com a invenção da litogravura no século XIX. Hoje os espaços públicos são disputados palmo a palmo, por inúmeros outros estímulos visuais que fazem dessa mídia uma linguagem quase em extinção. Sinto isso na prática. Colar cartaz pela cidade foi uma atividade que fizemos (eu e a Élsie) inúmeras vezes desde que criamos o Garatuja. Por certo tempo essa foi a única forma que tínhamos de divulgar nossos cursos. A arte-final eu mesmo fazia e depois imprimia numa gráfica, ou então também realizava a impressão em silk-screen. Hoje, além da recusa de muitos comerciantes (alguns até bastante malcriados) em deixar fixar um cartaz em seu estabelecimento, outro fator de empobrecimento da mídia é em função da diminuição de seu tamanho - não há espaços físicos para fixar cartaz grande. Particularmente gosto deles, tanto que ao longo de anos tirei das ruas os que considerava de boa qualidade e guardo até hoje. Tenho alguns até com valor histórico para a cidade, como um de caráter institucional feito por André Carneiro, na década de sessenta, onde a modelo era sua mulher, a Lina, tendo como cenário a Pedra Grande. Ao contrário de muitos, não acho que os cartazes, assim como o out-door deixem a cidade feia. O que falta é regulamentar seu uso. São meios de comunicação próprios do conglomerado urbano em que vivemos e quando feitos com sensibilidade e inteligência podem até proporcionar surpresas bastante agradáveis para o observador mais atento. Tanto assim que muitos artístas se dedicaram a sua produção: De Jules Chéret  e Toulouse-Lautrec, passando por El Lissitzky, artista gráfico da vanguarda russa até os brasileiros Rico Lins e Ziraldo, que produziram cartazes dignos de serem expostos em museus e galerias. Quando sua função é voltada a temas mais abrangentes, ligados a arte e a cultura, como divulgar uma peça de teatro, um show ou um filme por exemplo, o designer tem maior liberdade de criação e o resultado pode ser fantástico, como o cartaz abaixo. Feito para o filme Metrópolis, de Fritz Lang, um exemplar dele foi vendido recentemente por US$ 850 mil dólares. Esse é um mercado pouco explorado no Brasil, mas que alcança cifras espantosas em várias partes do mundo. Independente de seu valor monetário, gosto deles pelo valor estético. Aliás nesse caso alguns nomeiam pôster: quando estão na rua eles tem um valor funcional e se chama cartaz, quando são retirados da rua e adquirem uma função estética se chama pôster. No Brasil tivemos grandes artistas gráficos voltados ao cartaz de cinema. Talvez o mais conhecido seja Jayme Cortez, que até foi nome de Prêmio na área instituído pelo Banco ITAU em 1977. A seguir alguns dos "pôsteres" considerados mais importantes de todos os tempos. Não sei se são os mais bonitos, mas sem dúvida são os mais valiosos.


Há outro cartaz semelhante a esse, mas que leva texto
entre os logotipos. O de US$ 850 mil dólores é esse.

Um dos cartazes mais famosos de
Hollywood . Preço: US$ 244 mil.

Vendido por US$ 310 mil.

Cartaz para o filme Gato Preto de
Boris Karloff vendido por US$ 339 mil.

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