quinta-feira, 8 de março de 2012

Assim que tudo começou...

Desde seu inicio, em 1983, já tínhamos a intenção de incluir os recursos do audiovisual nas atividades do Garatuja. Não era fácil. A tecnologia que surgia era vídeo VHS, que além de caro, exigia grande conhecimento técnico para operá-lo. Esse novo sitema dispunha de certa facilidade na captação das imagens (que fazíamos com câmara emprestadas), mas eram restritivas na edição. Poucos lugares em Atibaia dispunham de ilha de edição com espaços apropriados, que incluía até a temperatura ambiente controlada. No cinema convencional a única bitola que ainda podia ser utilizado de forma amadora era o Super-8, que começava a perder espaço, mas ainda dispunha de adeptos apaixonados e certa facilidade para encontrar equipamentos. Mesmo assim também era caro. No inicio da década de oitenta compramos uma filmadora Super-8 que só foi realmente usada da forma como pretendíamos treze anos depois, quando ocorreu uma revitalização do Super-8, com criação de núcleos, festivais e oficinas com intenção de expandir sua prática em todo país. Foi a oportunidade que esperávamos. Em 1996, a Prefeitura de Atibaia recebeu um projeto da Secretaria de Estado de Cultura de SP chamado História do Cinema Brasileiro. Naquela época era raro esse tipo de iniciativa e assim mesmo eram somente pequenos apoios que incluíam banners temáticos, material promocional e sugestões que deveriam ser "recheados" conforme o interesse dos municípios. Com esse projeto aconteceu a primeira oficina de cinema em Atibaia e o primeiro filme resultado de oficina: Um Jeca em Atibaia. A equipe, formada por pessoas que conhecíamos de São Paulo, incluía o Sérgio Concílio e sua esposa, o Marcos Fontanna e a Elza Corsi que tinham como proposta produzir um curta metragem. Depois da divulgação da oficina houve enorme procura e somente cinqüenta pessoas foram selecionadas. A parte teóricas aconteceu no Museu Municipal e depois no EE Florêncio Pires de Camargo. Depois de captadas as imagens em vários pontos da cidade, a edição, sonorização e a realização das cenas de efeitos foram produzidas na sede do Garatuja, pois ainda não havia espaços municipais apropriados. Terminado a oficina o grupo continuou se encontrando no Garatuja por algum tempo, formando o NUCA - Núcleo de Cinema de Atibaia que teve vida breve, porém bastante produtiva. Disperso o Nucleo, o Garatuja continuou sozinho, adquirindo equipamentos como coladeiras, moviolas e projetores Super-8 e com eles realizando as primeiras animações com crianças. Novo impulso veio em 2007, quando fomos habilitados Ponto de Cultura e pudemos finalmente atualizar os recursos digitais voltados a área. A partir daí inúmeras foram as oficinas, parcerias e realizações do Garatuja. Como opção didática não descartamos os antigos sistemas analógicos, pelo contrário, fazemos dele nosso diferencial, entendendo a importância de se preservar antigos processos do fazer artístico, associando-os aos recentes recursos digitais. Embora caro, os processos analógicos ainda despertam interesse entre os jovens aprendizes, principalmente entre as crianças, seja por sua materialidade de manuseio, seja pelo inusitado de se manipular recursos tão antigos frente a abstração das novas mídias.

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