quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

O Coração Delator, um clássico.

The Tell Tale Heart é um dos contos mais populares de Edgar Allan Poe. Inúmeras foram às versões e adaptações dessa história. Nos quadrinhos também virou um clássico nas mãos de Alberto Breccia, trabalho que tive o prazer de ver numa exposição em São Paulo. Na animação, a versão de 1953 com direção de Ted Parmelee, é fundamental pra quem quer conhecer o que de melhor se produziu no gênero. Embora tenha mais de sessenta anos, ela resistiu ao tempo e considero ainda hoje referencia na linguagem da animação. Uso esse filme como modelo quando a intenção é mostrar aos meus alunos como extrair o máximo, do mínimo, bem ao estilo UPA. Quase não há movimento dos personagens, como é mais usual, o que movimenta é a câmara, reforçado pelo uso da iluminação dirigida a determinados lugares do desenho, a sobreposição de imagem, zooms, panorâmicas e até espaços vazios, valorizando o imaginário na trama. O desenho é primoroso e me faz lembrar, em alguns momentos, o trabalho do Escher ou do próprio Salvador Dali, pelo clima surreal do curta. É bom lembrar que na época em que foi produzido havia predominância de animações voltadas às crianças, sendo considerada uma das primeiras animações catalogadas“para adulto”. Foi aclamado pela crítica, recebendo indicação ao Oscar, mas perdeu para um filme do Walt Disney. A trilha sonora é fantástica e a narração original de James Mason completa o clima denso da narrativa. O filme conta a história de um demente que assassina um ancião, incomodado pelos seus olhos, e enterra o corpo sob o soalho da casa. Na animação o personagem do assassino nunca aparece...é sempre uma sombra a sugerir as ações.


 

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