quinta-feira, 20 de março de 2025

Tirando da gaveta...


O ano de 2024 foi dedicado à animação Fadário. Sua história, que originalmente não tinha esse nome, foi concebida no início dos anos 1980, na mesma época em que fundei o Garatuja. A narrativa original, o storyboard e as primeiras cenas da animação foram desenhados naquela época, mas nunca consegui finalizá-la, apesar de várias tentativas ao longo dos anos. A oportunidade de concluir esse trabalho surgiu agora, quatro décadas depois, graças ao edital municipal Paulo Gustavo. Devido ao longo intervalo entre sua criação e finalização, a história passou por pequenas adaptações, sem, no entanto, perder sua essência. Fadário aborda o destino que rege tanto as coisas quanto as pessoas – e, muitas vezes, as pessoas em função das coisas. A trama acompanha a trajetória de uma pedra preciosa encontrada por um garimpeiro. Essa pedra é transformada num broche que passa a influenciar diversas gerações, moldando vidas, por vezes de maneira trágica. O título Fadário, segundo o dicionário, tem duas interpretações: “Destino imposto por um poder sobrenatural e do qual não se pode fugir; fado” ou “Vida trabalhosa e difícil; desgostos”. Ambas se aplicam à proposta do filme, que se debruça sobre um questionamento filosófico recorrente: até que ponto um indivíduo controla sua própria vida ou é influenciado por forças e eventos que escapam ao seu domínio? No contexto das crenças e filosofias, essa questão pode ser vista sob dois prismas. O primeiro é o chamado “Destino Predeterminado”, presente em diversas culturas e sistemas de crença, que consideram o destino de cada pessoa previamente traçado por forças divinas ou cósmicas, tornando todos os acontecimentos inevitáveis. A segunda interpretação enxerga o destino como resultado das escolhas individuais. Enquanto o determinismo sugere que todos os eventos são consequência de causas anteriores, o livre-arbítrio defende que cada pessoa possui autonomia para tomar decisões independentes. A animação Fadário convida à reflexão sobre essas hipóteses, explorando os limites entre destino e escolha.

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