Essa expressão, frequentemente usada no meio artístico,
ganha ainda mais força quando aplicada à animação e ao desenho animado. Isso se
deve à complexidade da linguagem e, principalmente, ao volume de trabalho que
uma produção desse tipo exige. No Brasil, um caso emblemático ilustra bem essa
realidade: Sinfonia Amazônica, o primeiro longa-metragem de animação do país,
lançado em 1953. A obra foi realizada quase inteiramente por Anélio Latini
Filho, que, sozinho, produziu mais de 500 mil desenhos ao longo de cinco anos
de trabalho. Apesar desse esforço monumental, Anélio não esteve totalmente só.
Contou com o apoio de alguns amigos e, sobretudo, de seu irmão, Mario Latini,
responsável pela direção de fotografia. Guardadas as devidas proporções, a
animação Fadário, embora tenha um caráter autoral e grande parte do trabalho
tenha sido realizada pelo próprio autor, também contou com uma equipe
talentosa, ampliando e qualificando o resultado final. Reunimos artistas de
diferentes estilos e tendências, cada um contribuindo à sua maneira para a
realização do curta-metragem. A saber: Aluísio Cervelle, quadrinista e
animador, atualmente trabalha na produção de jogos eletrônicos, principalmente
na criação de cenários e personagens. Em Fadário, além de colorir, foi
responsável pelos cenários e ambientações. Érica Yamagush, ex-aluna do curso de
artes plásticas do Garatuja desde a infância, já havia experimentado a animação
em 2002, com o curta-metragem O Lobisomem, usando Super 8 como suporte. Formada em publicidade,
se destacou em Fadário pelo traço refinado, detalhado e sensível. O mesmo pode
ser dito da jovem Ana Tessarolo, que domina com precisão tanto o desenho quanto
a pintura. Availdo Praxedes, de Joanópolis, é desenhista e ilustrador e teve
papel fundamental ao digitalizar e registrar parte das cenas, além de colorir
desenhos que exigiam maior realismo. De Bragança Paulista, Marcelo Goulart, que
é tatuador, grafiteiro e poeta, contribuiu copiando e pintando desenhos, além
de oferecer sugestões valiosas para o roteiro. Sua esposa, Juliana Celiberti,
que atualmente mantém uma pesquisa sobre tintas naturais, também participou do
projeto, copiando, colorindo da dando sugestões. Minha irmã Mariza Zago demonstrou
seu talento para colorir contribuindo significativamente para Fadário. Theodoro
Moretta (Theo), aluno do curso de artes do Garatuja, auxiliou na digitalização
de diversas cenas já concluídas. Na trilha sonora, meu filho, Vitor Zago,
compôs quatro músicas que acompanham a narrativa, dando o tom ideal às ações da
animação. O equilíbrio entre imagem e som resultou exatamente no que
imaginávamos. Por fim, tivemos a colaboração de Marina Bueno, Thiego Torres e
André Raimundo, que serviram como modelos para as cenas mais complexas. Assim,
Fadário reforça a ideia de que, mesmo em projetos autorais, a força do coletivo
é essencial para alcançar um resultado artístico significativo.